Português, António Zambujo canta fado, o estilo de música muitas vezes chamado de blues de Portugal. Durante décadas, as canções lúgubres do género foram associadas a cantoras – desde a falecida Amália Rodrigues, cujo papel na popularização do género a nível mundial lhe valeu o apelido de “Rainha do Fado”, até à actual super-estrela Mariza. Mas Zambujo está começando a esculpir seu próprio território com uma abordagem diferente da música, mais próxima do brasileiro João Gilberto, ou talvez do americano Chet Baker. Ouça sua história no link de áudio.

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SCOTT SIMON, HOSTING:

Antonio Zambujo é um cara em um mundo dominado por mulheres. Ele canta fado, o estilo de música muitas vezes chamado de blues de Portugal. E durante décadas, as suas canções lúgubres têm sido popularizadas pelas cantoras. Mas Antonio Zambujo começa a esculpir o seu próprio território com uma abordagem diferente do Fado. Ele actua esta noite em Nova Iorque, e Betto Arcos tem a sua história.

BETTO ARCOS, BYLINE: Antonio Zambujo não é o seu fadista típico.

(SOUNDBITE OF MUSIC)

ARCOS: Seu estilo é mais próximo do brasileiro João Gilberto e do americano Chet Baker, do que Amalia Rodrigues.

(SOUNDBITE DA MÚSICA)

ANTONIO ZAMBUJO: (Cantando em língua estrangeira)

Associa um fadista a um cara que canta com um sentimento muito forte, às vezes gritando muito, gritando.

(LAUGHTER)

ARCOS: Essa é a forma tradicional de cantar Fados. Zambujo escolheu deliberadamente um caminho diferente.

ZAMBUJO: Eu não sei como explicar isso. É a maneira como eu o sinto. É a maneira que eu gosto de cantar os poemas, a maneira que eu gosto de dizer a letra.

ARCOS: Zambujo cresceu longe dos bairros de Lisboa onde o fado nasceu, no sul de Portugal, a ouvir coros masculinos polifónicos.

(SOUNDBITE OF MUSIC)

CHOIR: (Cantando em língua estrangeira)

ARCOS: Zambujo diz que a exposição a esta antiga tradição musical em tabernas e eventos sociais locais foi uma enorme influência. Mas o seu director musical, Ricardo Cruz, diz que o cantor tem um firme domínio do Fado.

RICARDO CRUZ: O Fado está sempre presente. A forma como a canção é vista e a letra cantada, é a forma do Fado; respeitar a letra, respeitar a história.

(SOUNDBITE OF MUSIC)

ZAMBUJO: (Canto)

ARCOS: Desde os seus primórdios nos bairros de Lisboa e Coimbra, o fado radica no diálogo musical entre o cantor e o tocador da guitarra portuguesa, um instrumento de 12 cordas e um corpo semelhante ao de um bandolim.

(SOUNDBITE OF MUSIC)

ARCOS: Bernardo Couto é o acompanhante de Zambujo. Ele diz que a guitarra portuguesa desempenha um papel muito específico.

BERNARDO COUTO: Tendo uma contra-melodia à melodia que o fadista está a fazer, o guitarrista dá um impulso ao fadista e o fadista dá um impulso ao guitarrista. Então tentamos puxar a coisa juntos.

(SOUNDBITE OF MUSIC)

ZAMBUJO: (Cantando)

ARCOS: Couto diz que não toca um estilo tradicional com Zambujo.

COUTO: Se estivéssemos a falar de outro tipo de cantor ou outro tipo de projecto musical, talvez, como outros cantores que estão em Portugal que estão mais ligados com a forma como se faz fado normalmente. Mas aqui, as coisas são um pouco mais diferentes. A abordagem musical e as influências musicais são um pouco mais amplas, e por isso as coisas não são tão simples.

ARCOS: Os músicos e cantores de fado podem ser criticados por não respeitarem a tradição. Mas o director musical Ricardo Cruz gosta do fado ao jazz ou ao esqui.

CRUZ: O fado é uma música improvisada ou deve ser uma música improvisada. É que os músicos improvisam sempre, tipo, você está esquiando e tem alguns banners que você tem que respeitar, mas você tem sempre que criar cada concerto.

(SOUNDBITE OF MUSIC)

ZAMBUJO: (Canto)

ARCOS: Quando Antonio Zambujo lançou o seu primeiro álbum há 12 anos, ele diz que era difícil conseguir concertos. Mas agora ele está se apresentando nos mesmos lugares que as cantoras. Cercado por seus colegas músicos, Zambujo diz que pode haver uma razão para ele ter conseguido escapar.

ZAMBUJO: Talvez seja porque eu seja um pouco feminino demais.

(LAUGHTER)

ARCOS: Essa é a razão.

ZAMBUJO: Essa é a única razão. Essa é a única razão.

ARCOS: Seja qual for a razão, Antonio Zambujo quer mudar a forma como o fado é visto em casa e no estrangeiro.

Para NPR News, eu sou Betto Arcos.

(SOUNDBITE OF MUSIC)

ZAMBUJO: (Cantando em língua estrangeira)

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